Ementa

Processo criativo partindo de experiências documentais tendo como recorte os trabalhos desenvolvidos pelos artistas: Mariana Abramovic, José Leonilson e Jean Michel Basquiat, convergindo a discussão e os exercícios para as questões da autorepresentação na obra de arte partindo dos eixos “memória” e “autobiografia”, para criação de obras visuais. A experiência tem como objetivo explorar o repertório pessoal do/a estudante no tocante ao seu corpo, história, temas de interesse e atritar esse “campo simbólico” com campos ficcionais que serão propostos, tanto pelo/a professor/a, quanto pelos próprios/as participantes. A experimentação prática caminha ao lado da reflexão onde – a partir de diversos exemplos concretos – noções amplamente empregadas na arte contemporânea como “performatividade”, “obra documental”, “depoimento pessoal”, serão problematizadas sem perder de vista o foco em dar-lhes materialidade.

 

Conteúdo online 
da experiência

 

Objetivos

 

Explorar as obras de Marina Abramovic, José Leonilson e Jean Michel Basquiat como eixo norteador para experiência;

Experienciar a construção de uma obra autoral tendo como base conceitos de autorepresentação, biografia, dados documentais como ferramentas de criação;

Compreender as possibilidades da criação artística a partir de escolhas de materiais;

Pesquisar as possibilidades de relação entre autor/a e obra, obra e espectador/a, obra e materiais;

Estabelecer relações entre vida e arte, de forma crítica;

Experimentar possibilidades para construção de uma obra utilizando linguagens como: performance, instalação, pintura, colagens e seus diálogos.

 

 

Professora: Thiago Romero

 

4 a 6 aulas

 

 

 

Identificação / Dimensões do Conhecimento

 

Linguagens

Componente:

Arte / Artes Visuais e Patrimônio

Eixo 3: Processos de criação e fruição
Dimensões do conhecimento: criação, estesia, expressão e fruição.
Habilidades de Arte:

Explorar e reconhecer elementos constitutivos das artes visuais tendo como base a obras desenvolvidas pelos artistas: Maria Abramovic, José Leonilson e Jean Michel Basquiat.

Desenvolver processos de criação em artes visuais, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Problematizar questões políticas, sociais, econômicas científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.

Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Desenvolver a autonomia, a crítica e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

 

Componente:

Língua Portuguesa

Habilidades de Língua Portuguesa:

CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA – Trata-se de ampliar e qualificar a participação dos jovens nas práticas relativas ao estudo e à pesquisa, por meio de: compreensão dos interesses, atividades e procedimentos que movem as esferas científicas, de divulgação científica e escolar; reconhecimento da importância do domínio dessas práticas para a compreensão do mundo físico e da realidade social, para o prosseguimento dos estudos e para formação para o trabalho; e desenvolvimento de habilidades e aprendizagens de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de textos pertencentes a gêneros relacionados ao estudo, à pesquisa e à divulgação científica.

Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.

Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. Na (re)construção dos sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas, infográficos, ilustrações etc. Em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.

Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de esquema que considere as pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de registros de experimentos ou de estudo de campo, produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, artigo de opinião, reportagem científica, verbete de enciclopédia, verbete de enciclopédia digital colaborativa, infográfico, relatório, relato de experimento científico, relato (multimidiático) de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que podem envolver a disponibilização de informações e conhecimentos em circulação em um formato mais acessível para um público específico ou a divulgação de conhecimentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e estudos de campo realizados.

 

Matemática

Componente:

Matemática

Habilidades de Matemática:

Reconhecer, nomear e comparar figuras geométricas espaciais (cubo, bloco retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera), relacionando-as com objetos do mundo físico.

Reconhecer, comparar e nomear figuras planas (círculo, quadrado, retângulo e triângulo), por meio de características comuns, em desenhos apresentados em diferentes disposições ou em sólidos geométricos.

 

Ciências Humanas

Componente:

Geografia

Habilidades de Geografia:

Identificar e elaborar diferentes formas de representação (desenhos, mapas mentais, maquetes) para representar componentes da paisagem dos lugares de vivência.

Identificar e interpretar imagens bidimensionais e tridimensionais em diferentes tipos de representação cartográfica.

Reconhecer e elaborar legendas com símbolos de diversos tipos de representações em diferentes escalas cartográficas.

 

 

Contextualização da experiência

 

 

A criação de uma obra autobiografia comporta um desejo de lembrar – a memória, o passado, as saudades, os dados documentais, os acontecimentos que nos trespassam. Dialogando com as especificidades do eu que narra. Se na literatura busca-se uma tentativa de unidade do ser, na medida em que através da escrita o sujeito elabora e ressignifica seu passado, nas artes visuais podemos entender que os dados biográficos se transmutam em expressões de si mais agudas, estéticas e críticas.

Na obra de variados artistas visuais, elementos e gestos autobiográficos compõem imagens artísticas, discurso políticos, incômodos e reivindicações.

Um aspecto bastante intrigante na produção artística consiste na capacidade de formulação de imagens que, numa dupla via, conectam-se e invadem as memórias individuais do/a espectador/a ao mesmo tempo em que desconstroem a estabilidade de tais experiências, numa crítica política coletiva.

A experiência proposta nesta atividade busca desenvolver nos/as estudantes um processo de narração biográfica através da construção de uma obra visual.

O eixo norteador que inspira essa proposição é o conteúdo biográfico exposto de formas diversas nas obras dos artistas aqui referenciados refletindo seus trabalhos a partir dos seguintes conceitos poéticos:

– Marina Abramovic: o conceito de presença, que nos permite analisar as emoções causadas do encontro de um sujeito com o outro.

– José Leonilson: os bordados como discurso da sinceridade. Sua obra aparece pontuada por pequenas confissões e o material escolhido – tecido, telas, tintas e linhas – assume o lugar dos seus próprios diários e cadernos de anotações.

– Jean Michel Basquiat: a obra como eco da cidade em rabiscos, escritas enigmáticas, pinceladas rápidas e nervosas, os personagens esqueléticos, rostos apavorados ou mascarados, prédios, carros, cenas da vida urbana, ícones negros do boxe e da música. O homem negro, em meio a composições caóticas, o grito como forma de expressar o sentimento de exclusão.

 

 

Sequência Didática

Momento 1:

Em roda, apresentar aos/as estudantes os objetivos e procedimentos da aula, assim como quais os critérios de avaliação.

 

Falar sobre a história das obras dos artistas escolhidos através de imagens, vídeos, slides.

 

Propor uma reflexão sobre como a vida contribuiu para o desenvolvimento das obras dos artistas.

 

Instigar os/as estudantes com perguntas, sobre a construção das obras.

 

Dividir a turma em duplas para o desenvolvimento dos projetos.

 

Cada dupla deverá conceber dois projetos distintos a partir dos dados biográficos de cada componente da dupla.

 

Pedir aos/as estudantes que façam uma escolha a partir de um recorte, episódio ou inquietação individual relacionada a sua própria biografia. É importante que os/as estudantes conversem sobre suas escolhas permitindo que o outro componente da dupla possa interferir, provocar e contribuir na proposta.

 

Momento 2:

Concepção dos projetos artísticos. Cada dupla deverá apresentar seus projetos de concepção das obras através de textos, desenhos, croquis, roteiros.

 

Fazer um levantamento dos materiais necessários para concepção dos trabalhos.

 

Momento 3:

Criação e desenvolvimento das obras. É importante que o professor acompanhe esses momentos dando dicas sobre conceitos, escolhas poéticas, estéticas, linguagens e fruição das obras.

 

Momento 4:

Apresentação do material finalizado.

 

Reflexão sobre processos e resultados.

 

 

Recursos Didáticos

 

Projetor, vídeos, slides, imagens impressas e materiais necessários para desenvolvimento de cada proposta dos/as estudantes.

 

Resultados Esperados

 

Espera-se que os/as estudantes vivenciem um processo de construção de uma obra autoral de forma articulada a uma reflexão crítica sobre aspectos culturais e processos de linguagens referentes às artes visuais, fortalecendo os diálogos entre arte e vida.

 

 

Proposta de avaliação

 

A avaliação será processual ao longo da aplicação do conteúdo, mas também sob alguns aspectos que serão apresentados para os/as estudantes: participação em discussões sobre o assunto da aula, participação na experiência de construção da obra e interesse demonstrado nas atividades.

 

Proposta de continuidade

 

Com o conteúdo desenvolvido na atividade o/a professor/a pode propor uma exposição com as imagens produzidas na proposta.

 

 

 

Referências básicas

ABRAMOVIĆ, Marina. Pelas Paredes: memórias de Marina Abramovic. Rio de Janeiro: José Olympio, 2017.

CLARK, T.J. As condições da criação artística, in: Modernismos: ensaios sobre política, história e teoria da arte. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

DIDI-HUBERMAN, GEORGES. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Ed. 34, 1998.

FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecília. (orgs.). Escritos de artistas – anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

LAGNADO, Lisette. Leonilson – São Tantas as Verdades. São Paulo: DBA Melhoramentos e SESI/SP, 1998.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006.