Ementa
Experiência criada a partir do trabalho do artista indígena Denilson Baniwa, intitulado “Terra Indígena”, uma série de lambe-lambes que variam de acordo com a cidade em que o artista passa. A sequência de aulas prevê a discussão das questões de disputa de território e demarcação de terra dos povos indígenas, traduzida no trabalho deste artista contemporâneo e atualizada pelos/as estudantes a partir da escuta das heranças indígenas em seu próprio território. Para isso, trabalharão em um processo de criação de lambe-lambes e em seguida de intervenção urbana.
Conteúdo online
da experiência
Objetivos
Impulsionar os/as estudantes em direção a novas compreensões do espaço em que vivem, por meio do estudo, da pesquisa e da escuta do território;
Construir argumentos e ponderações a partir de uma reflexão coletiva a respeito dos povos indígenas e sua presença/ausência em Niterói;
Criar uma materialidade poético-visual a partir de processos de investigação e diálogo sobre a matriz indígena na constituição do território da cidade onde moram;
Realizar uma intervenção final na escola e no seu entorno.
Professora: Laura Castro
4 a 5 aulas
Identificação / Dimensões do Conhecimento
Linguagens
Componente:
Arte / Artes Integradas e Patrimônio
Eixo 1: Contextos identitários, matrizes estéticas e culturais
Dimensões do conhecimento: criação, crítica, fruição e reflexão.
Habilidades de Arte:
Caracterizar e experimentar histórias de matriz indígena.
Conhecer e valorizar a cultura de matriz indígena, favorecendo a construção e ampliação de vocabulário e repertório imagéticos relativo aos povos indígenas.
Dimensões do conhecimento: criação, crítica e reflexão.
Componente:
Língua Portuguesa
Habilidades de Língua Portuguesa:
Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e circulação – os enunciadores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros, fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alterando efeitos, ordenamentos etc.
Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.
Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma.
Reconhecer a impossibilidade de uma neutralidade absoluta no relato de fatos e identificar diferentes graus de parcialidade/ imparcialidade dados pelo recorte feito e pelos efeitos de sentido advindos de escolhas feitas pelo autor, de forma a poder desenvolver uma atitude crítica frente aos textos jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas enquanto produtor de textos.
Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e argumentos em textos argumentativos (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica etc.), manifestando concordância ou discordância.
Criar poemas compostos por versos livres e de forma fixa (como quadras e sonetos), utilizando recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e vídeo-poemas, explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros recursos visuais e sonoros.
Ciências Humanas
Componente:
Geografia
Habilidades de Geografia:
Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil, compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.
Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais dessas comunidades.
Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
Componente:
História
Habilidades de História:
Descrever modificações da natureza e da paisagem realizadas por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos indígenas originários e povos africanos, e discutir a natureza e a lógica das transformações ocorridas.
Identificar geograficamente as rotas de povoamento no território americano.
Identificar e analisar diferentes formas de contato, adaptação ou exclusão entre populações em diferentes tempos e espaços.
Discutir a noção da tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na sociedade brasileira do final do período colonial, identificando permanências na forma de preconceitos, estereótipos e violências sobre as populações indígenas e negras no Brasil e nas Américas.
Sequência Didática
Momento 1:
Conversa em roda: apresentar o trabalho “Terra Indígena”, de Denilson Baniwa, contextualizando questões contemporâneas em relação a políticas de demarcação de terra no Brasil e disputas territoriais no campo social pelos povos indígenas.
Provocar os/as estudantes a pensarem em Niterói como terra indígena. Ouvi-los.
Momento 2:
Oferecer diversas imagens da cidade, de monumentos, locais relacionados à cultura indígena.
Levar impresso também nomes de ruas relacionadas aos povos originários, notícias de jornal relacionadas a temática de discussão e grafismos indígenas assim como quaisquer outras referências que o/a professor/a julgar relevante.
Momento 3:
Oferecer uma folha de papel A4 a cada estudante e propor a criação individual de lambe-lambes a partir de colagens, conjugando palavra e imagem.
Explicar o que é um lambe-lambe aos/as estudantes.
Ao final, solicitar que os/as estudantes façam uma pesquisa com familiares e vizinhos sobre o rastro indígena na cidade de Niterói, colhendo depoimentos para a próxima aula.
Momento 4:
Dividir os/as estudantes em grupos e incentivá-los/as a discutir a pesquisa que fizeram sobre o rastro indígena na cidade de Niterói.
A partir disso, solicitar que façam mais lambe-lambes, dessa vez construindo também pequenas poesias.
Momento 5:
Levar os lambe-lambes produzidos pelos/as estudantes xerocados em folhas A4.
Reunir a turma em roda para apreciarem coletivamente todos os trabalhos.
Discutir e definir os locais da intervenção com os lambe-lambes, criando assim um roteiro, tendo em vista locais auspiciosos para gerarem crítica e reflexão a partir da ação propositiva.
Dispor de rolos de pintura e balde com para a intervenção.
Realizar a intervenção final.
Recursos Didáticos
Papel A4 colorido, revistas para recortar, tesouras, imagens previamente selecionadas, cola, rolo de pintura (para lambe-lambe).
Resultados Esperados
Espera-se com a pesquisa, que os/as estudantes possam lançar novas miradas para a cidade onde vivem, tendo em vista a presença/ausência dos povos originários no território. A partir de discussões contemporâneas sobre questões políticas e sociais dos povos indígenas, além de uma pesquisa fora de sala de aula, que envolva escuta e registro de narrativas e materialidades que tangenciem, os/as estudantes criarão uma intervenção poético-visual que traduzirá suas reflexões a partir da provocação “Niterói, terra indígena”.
Proposta de avaliação
Participação na criação dos lambe-lambes e engajamento na pesquisa.
Proposta de continuidade
Possibilidade de articulação com outras experiências deste material, a exemplo da proposta “Narrativas da cidade – Território de Araribóia”.
Referências básicas
D’ANGELIS, Wilmar da Rocha. Histórias dos índios lá em casa, narrativas indígenas e tradição oral popular no Brasil. Disponível em: <http://www.portalkaingang.org/Historias_dos_indios.pdf>. Acesso em 22 jul. 2015.
LAGROU, Els. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.
LAGROU, Elsje. SEVERI, Carlo (Org.). Quimeras em diálogo: grafismo e figuração na arte indígena. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
GALLOIS, Dominique Tilkin (Org.). Patrimônio cultural imaterial e povos indígenas. Exemplos no Amapá e norte do Pará. São Paulo: Iepé, 2006. Disponível em: <http://www.institutoiepe.org.br/media/livros/livro
_patrimonio_cultural_imaterial_e_povos_indigenas-baixa_resolucao.pdf>. Acesso em: 30 jul 2019.
Materiais complementares
Sobre o Denilson Baniwa
https://www.behance.net/denilsonbaniwa
Sobre demarcação de terras indígenas no Brasil
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/demarcacao-terras-indigenas-no-brasil.htm